A extração de mariscos da espécie pedra ou redondo (Anomalocardia brasiliana), um dos tipos mais comuns ao paladar dos pernambucanos, vem sendo feita de forma ilegal nos costões naturais da Ilha da Coroa do Avião, no Litoral Norte do Estado. A denúncia, feita por pesquisadores da UFRPE, aponta para o tipo do apetrecho usado pelos pescadores artesanais - um tipo de pente com espaços mínimos entre os dentes de aço e malhas com aberturas inferiores ao tamanho médio dos adultos, que é de 20 milímetros.
Esse tipo de manejo, apontam os especialistas, prejudica os estoques da região e põe em risco o recrutamento adequado da espécie, uma vez que não distingue os indivíduos adultos dos jovens, comprometendo, assim, a população. O cenário se torna ainda mais preocupante à medida que a Área de Proteção Ambiental (APA) de Santa Cruz compreende os municípios de Itamaracá, Itapissuma e parte de Goiana, mas não inclui a Ilha da Coroa do Avião. O banco de areia fica a poucos quilômetros do Forte Orange, na Ilha de Itamaracá, e não há nenhum projeto para incluí-la nessa Unidade de Conservação.
"A importância ecológica desses animais é imensa. Esses moluscos controlam a carga orgânica na água por se alimentarem de qualquer partícula como bactérias ou microalgas, quanto partículas mortas geradas da decomposição da matéria orgânica de estuários, manguezais e mares costeiros. Ao mesmo tempo, servem de alimento para diversos animais, como peixes, caranguejos e aves marinhas", explica o professor da UFRPE e especialista em Ecologia de Ecossistemas Aquáticos, Mauro de Melo Junior.
Mas, quando jovens, destaca Melo Junior, esses mariscos não são apenas filtradores por excelência, como também possuem uma grande importância como bioindicadores da qualidade da água. "Isso porque eles acumulam coliformes fecais, por exemplo. É uma pena o que está ocorrendo. Na verdade, seria melhor utilizar uma malha maior, porque é claro que esse tipo de apetrecho não é indicado", afirma o especialista. Uma pesquisa feita pela doutora em Oceanografia Biológica e também professora da UFRPE, Stefane de Lyra Pinto, revela que de um total de 24 amostras de marisco-pedra, 20 tinham várias espécies de coliformes, sendo o mais presente o Escherichia coli - muito comum em águas contaminadas por lançamento de esgoto.
Legislação falha
Enquanto essa pesca ilegal ocorre, o Ibama e a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) informaram que não há legislação que normatize essa atividade, como também não existe nada que se refira ao tamanho da malha para captura. Com essa brecha, bares locais e até vendedores ambulantes incluem mariscos de todos os tamanhos nos pratos.
"Precisamos destinar fortes investimentos para a conservação de nossos invertebrados. Muito se tem feito em relação aos vertebrados, mas poucos esforços são feitos em relação aos moluscos e crustáceos. O guaiamum mesmo ainda não está totalmente protegido e já está em risco de extinção em alguns locais", exemplifica Mauro de Melo.
A captura e a venda do guaiamum macho foram prorrogadas para 2018 pelo Ministério de Meio Ambiente (MMA). A justificativa do órgão federal foi a de que até lá "é possível conciliar a conservação com o uso".
Esse tipo de manejo, apontam os especialistas, prejudica os estoques da região e põe em risco o recrutamento adequado da espécie, uma vez que não distingue os indivíduos adultos dos jovens, comprometendo, assim, a população. O cenário se torna ainda mais preocupante à medida que a Área de Proteção Ambiental (APA) de Santa Cruz compreende os municípios de Itamaracá, Itapissuma e parte de Goiana, mas não inclui a Ilha da Coroa do Avião. O banco de areia fica a poucos quilômetros do Forte Orange, na Ilha de Itamaracá, e não há nenhum projeto para incluí-la nessa Unidade de Conservação.
"A importância ecológica desses animais é imensa. Esses moluscos controlam a carga orgânica na água por se alimentarem de qualquer partícula como bactérias ou microalgas, quanto partículas mortas geradas da decomposição da matéria orgânica de estuários, manguezais e mares costeiros. Ao mesmo tempo, servem de alimento para diversos animais, como peixes, caranguejos e aves marinhas", explica o professor da UFRPE e especialista em Ecologia de Ecossistemas Aquáticos, Mauro de Melo Junior.
Mas, quando jovens, destaca Melo Junior, esses mariscos não são apenas filtradores por excelência, como também possuem uma grande importância como bioindicadores da qualidade da água. "Isso porque eles acumulam coliformes fecais, por exemplo. É uma pena o que está ocorrendo. Na verdade, seria melhor utilizar uma malha maior, porque é claro que esse tipo de apetrecho não é indicado", afirma o especialista. Uma pesquisa feita pela doutora em Oceanografia Biológica e também professora da UFRPE, Stefane de Lyra Pinto, revela que de um total de 24 amostras de marisco-pedra, 20 tinham várias espécies de coliformes, sendo o mais presente o Escherichia coli - muito comum em águas contaminadas por lançamento de esgoto.
Legislação falha
Enquanto essa pesca ilegal ocorre, o Ibama e a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) informaram que não há legislação que normatize essa atividade, como também não existe nada que se refira ao tamanho da malha para captura. Com essa brecha, bares locais e até vendedores ambulantes incluem mariscos de todos os tamanhos nos pratos.
"Precisamos destinar fortes investimentos para a conservação de nossos invertebrados. Muito se tem feito em relação aos vertebrados, mas poucos esforços são feitos em relação aos moluscos e crustáceos. O guaiamum mesmo ainda não está totalmente protegido e já está em risco de extinção em alguns locais", exemplifica Mauro de Melo.
A captura e a venda do guaiamum macho foram prorrogadas para 2018 pelo Ministério de Meio Ambiente (MMA). A justificativa do órgão federal foi a de que até lá "é possível conciliar a conservação com o uso".
Fonte: Folha de Pernambuco.
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