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quinta-feira, 10 de abril de 2025

Preso em Igarassu tinha acesso a delivery, prostitutas e até cela com porcelanato e Playstation, diz PF

 


Investigação da Polícia Federal (PF) mostra que detentos do presídio de Igarassu, no Grande Recife, tinham acesso a prostitutas, comidas por delivery e até festas regadas a uísque, cerveja e pagode. O esquema de corrupção, que envolvia servidores públicos, é investigado no âmbito da Operação La Catedral, cuja segunda fase foi deflagrada na terça-feira (8).

Segundo relatório da PF, obtido pelo Diario de Pernambuco, a peça central do esquema era o preso Lyferson Barbosa da Silva, conhecido como “Mago” ou “Lobo”, que atuava como “chaveiro” do pavilhão e levava uma vida de luxo na cadeia. No inquérito, o detento é acusado de gerenciar um laboratório de crack, que funcionava dentro do espaço cultural do presídio, e deter o “monopólio do tráfico de drogas” na unidade.

De acordo com a investigação, Lyferson também intermediava a entrada de visitantes sem vínculo familiar com os presos, o que seria irregular, além do ingresso de alimentos não autorizados e de aparelhos eletrônicos nas celas, como TVs, freezers e celulares. Caberia a ele, ainda, negociar devoluções desses equipamentos em caso de apreensão.

Para isso, Lyferson se reportava diretamente ao então diretor do presídio, Charles Belarmino Queiroz, a quem chamava de “Charles Bronson”, segundo a PF. Eram os dois quem discutiam “valores financeiros”, como lucros da quitanda do pavilhão e comercialização de joias, de acordo com o inquérito.

Já para questões “mais rotineiras”, como entrada de garotas de programa e pedidos de delivery, o preso tratava com o chefe de disciplina Eronildo José dos Santos, o “Seu Eron”, e com os policiais penais Cecília da Silva Santos e Everton de Melo Santana. Todos esses servidores públicos foram alvo da operação e estão presos preventivamente.

Vida de luxo na cadeia

A investigação da La Catedral começou após a apreensão do celular de Lyferson na cadeia. No aparelho, os policiais encontraram registros de imagens e conversas que tratavam de tráfico de drogas, regalias no presídio e até ordens de ataques a órgãos públicos.

Em uma delas, o preso afirma que precisa de R$ 5 mil para colocar bebidas para dentro do presídio. “O valor seria repassado a título de propina, para autorizar a entrada dos ilícitos”, afirma a PF, no relatório. Em outra, trata da aquisição de dez celulares, negociados a R$ 1 mil por unidade.

Uma das conversas interceptadas mostra Lyferson pedindo desculpas a "Seu Eron" por ter usado celular no corredor do pavilhão. De acordo com a PF, o combinado seria de só utilizar o aparelho dentro da cela, por não ter câmera de segurança.

Em outra conversa, um detento demonstra interesse em adquirir uma arma de fogo e munições, para trazê-las ao presídio e posteriormente vendê-las. Segundo a investigação, a pistola valeria R$ 30 mil na unidade. “Tudo q qualquer pessoa for botar, o diretor sabe (sic)”, diz Lyferson, nas mensagens.

“Lobo [Lyferson] também ostenta roupas e joias, mesmo estando preso”, afirma o relatório. “São roupas, relógios, iphones, sua cela revestida em porcelanato, com equipamentos de última geração, como televisor tela plana, aparelho de som potente, vídeo game Playstation 4 pro, entre outros”.

Só em joias dentro da cadeia a PF estima que o preso teria R$ 163 mil. “O preso compra e vende objetos de ouro dentro do pavilhão”, registra, no inquérito. “Vale salientar que dentro de unidades prisionais os valores dos bens aumentam exponencialmente, devido à dificuldade de serem obtidos, por sua posse ser enquadrada como falta grave”.

Na primeira fase da Operação La Catedral, deflagrada em fevereiro, também foram presos os servidores Newson Motta da Costa Neto, Ernande Eduardo Freire Cavalcanti, Reginaldo Ferreira Aniceto e Ednaldo José da Silva.

Já a segunda fase teve como alvo o ex-secretário executivo André Albuquerque, que foi afastado da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap-PE) em dezembro de 2024.

Fonte: Diário de Pernambuco

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