Conheça a história de Rubens Santos, o comediante pernambucano que vem ganhando os palcos e o cinema do Brasil e do mundo
Ricardo B. Labastier/ JC Imagem
De uma criança brincalhona da turma da escola – o que sempre criava as melhoras piadas nas rodas de amigos –, para um adulto casado, com duas filhas, que realiza shows humorísticos em teatros, atua em programas de TV e cinema. Não é preciso ter uma longa conversa com Rubens Santos para perceber que ele é mais do que um simples comediante, é um devoto da arte de fazer o próximo sorrir.
“Sou bem tímido com quem eu não conheço, mas, quando consigo puxar o primeiro sorriso de alguém, aí quero logo puxar mil”, disse Rubens, enquanto se apresentava à reportagem. Com 32 anos, Rubens nasceu no vilarejo Bom Nome, pertencente ao município de São José do Belmonte, no Sertão do Estado.
“Minha carreira artística começou oficialmente em 2005, quando eu entrei no grupo Mulungu Teatro de Bonecos, mas, em 2006, fui para a frente dos bonecos e fiz meu primeiro show de humor”.
Rubens conheceu o stand-up comedy em 2009, em apresenta- ções com o comediante e empresário Murilo Gun. Desde então, Rubens não saiu mais da categoria humorística norte-americana que se define em contar piadas autorais sem o uso de caracterização, de cara limpa.
“Minha experiência com o stand-up comedy pernambucano é ótima, já que foi ela quem me fez crescer muito profissionalmente. A relação com os humoristas daqui também é muito boa. Na verdade, todos temos uma relação muito boa e isso é um dos grandes diferenciais do stand-up do Estado para o do resto do País, pois estamos em uma época em que não param de chegar novos humoristas e, mesmo com os veteranos continuando na cena, não faltam palcos para ninguém”, contou.
Ator e comediante
Vencedor do Prêmio de Melhor Ator no Festival Estudantil do Recife, ainda por sua participação no Mulungu Teatro de Bonecos, Rubens seguiu para a TV e o cinema de maneira gradativa, mas não por sorte, e sim por competência e dedicação.
“Meu gosto pela dramaturgia vem da evolução, porque eu sabia, desde quando eu comecei, que fazendo teatro eu poderia ter a oportunidade de chegar um dia na TV ou no cinema”, contou, antes de detalhar que começou no audiovisual produzindo vídeos para a internet no seu canal Deu Alouka Geral, onde fazia esquetes de humor e enviava para programas policialescos da TV local. Com a popularização dos vídeos, Rubens começou a fazer algumas participações no programa Papeiro da Cinderela, da TV Jornal, e, em meados de 2013, foi convidado para integrar o elenco fixo – no qual está até hoje.
A carreira tomou outras proporções quando o comediante decidiu fazer um teste para um determinado filme do Estado que, até então, não imaginava o que seria. Sendo aprovado, ele viveu o popular Adailton no primeiro longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, O Som Ao Redor, filme que veio a ser o pré-indicado oficial ao Oscar 2013 do Brasil.
“Kleber foi quem me deu a grande oportunidade, porque, a partir de O Som Ao Redor, fui fazendo outros filmes, como Era Uma Vez Eu, Verônica, de Marcelo Gomes, depois Aquarius, do próprio KMF, teve Super Pina, de Jean Santos, recentemente, Piedade, de Cláudio Assis, o Bode de Natal, de Daniel Edmundson e André Hora, e estou no processo seletivo de mais dois”, declarou, antes de especificar sua experiência com Aquarius.
“Confesso que eu não sabia quem era Kleber Mendonça Filho ao participar do seu primeiro filme, mas logo fui conhecendo o cinema e entendendo a sua importância para a arte do País. Assim, atuar no seu segundo filme foi uma responsabilidade muito maior, pois eu já sabia quem ele era, sem falar na grande oportunidade que ele me deu de poder atuar ao lado de Sonia Braga”, disse Rubens, antes de uma pausa, sorrir, e repetir o nome da protagonista de Aquarius, agora com bem mais ênfase: “Eu disse Sonia Braga! Sonia Braga. Muitos veteranos do teatro adorariam ter tido essa oportunidade”.
O humorista e ator também trabalha como arte-educador na cidade de Igarassu, já a seis anos, no programa Saúde na Escola (PSE), com crianças e adolescentes. “São poucos os nomes que conseguem viver somente de sua arte. Infelizmente, se o artista não viver em círculos produtivos, ele não consegue sobreviver direito aqui em Pernambuco”, revela.
Quando perguntado sobre o que esperava dos próximos anos, visto que seu currículo já conta com participações em concursos de humor na Rede Record, como nos extintos programas Show do Tom e Tudo É Possível, e de sua carreira de ator em forte crescimento, ele foi sucinto e afável com a arte.
“Percebo que, desde sempre, meu objetivo foi fazer as pessoas se sentirem felizes. Espero que, cada vez mais, reconhe- çam o nome Rubens Santos por isso. Eu me vejo daqui a cinco anos melhor do que eu sou hoje, mas não mais do que serei daqui a dez”, completou.
Fonte: Jornal do Comercio.