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quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Samu completa 20 anos: entenda como funciona o serviço e veja relatos de pacientes e profissionais de saúde

 

Implementado na Região Metropolitana do Recife e em Fernando de Noronha em 2001, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atende qualquer pessoa que estiver precisando de socorro. As duas décadas do funcionamento do serviço reúnem histórias emocionantes envolvendo pacientes e profissionais de saúde nos milhares de atendimentos já realizados (veja vídeo acima).

Um desses atendimentos foi o da manicure Michelle Galvão, que recebeu a ajuda do Samu para fazer o parto de dois dos cinco filhos que tem. A mãe dela, a cabeleireira Gláucia Galvão, fez a ligação para o número 192.

“Quando a minha filha entrou em trabalho de parto, a gente estava chamando o Uber para levar ela para a maternidade, mas aí eu vendo que ela não ia conseguir, ia ter neném


dentro do carro, eu trouxe ela para casa e liguei imediatamente pro Samu. Em menos de cinco minutos, eles chegaram”, relatou.

Michelle disse que o Samu deu a orientação que a família precisava por telefone, até a equipe chegar, fazer o corte do cordão umbilical e encaminhar mãe e filho para um hospital. Para os profissionais envolvidos em situações como essa, o sentimento é de alegria e satisfação, conforme relatou o coordenador geral médico do Samu, Leonardo Gomes.

“A gente que lidou tanto com a morte, com acidentes, com ferimentos, casos graves, então o parto é o momento de início... É o momento de festa, de nascimento da criança e que a gente pode participar, a gente vive aquele momento de alegria com aquela família”, contou Gomes.

“Toda vez que é um parto tranquilo e a criança nasce bem é um momento de festa dentro da ambulância. Todo mundo se confraterniza, normalmente tem foto, temos um mural de fotos cheio de crianças”, contou o médico do Samu Petrus Andrade Lima.

Como funciona o Samu

No Recife, são 24 ambulâncias e 12 bases localizadas em diversas áreas da cidade, para facilitar o momento do chamado de socorro e atender as pessoas o mais rápido possível. Na Centra Telefônica do Samu, 62 atendentes trabalham 24 horas por dia, todos os dias da semana, para registrar os chamados de quem precisa (veja vídeo acima).

“A gente sempre quando está fazendo o atendimento, estamos atendendo uma pessoa que está numa situação difícil, precisando de ajuda, de suporte, então é sempre emocionante”, contou a gerente de serviços de teleatendimento do Samu, Leyla Barreto.

Na sala ao lado da Central Telefônica, ficam os médicos da central de regulação, que estão sempre a postos para ouvir as pessoas e orientá-las em cada caso de urgência.

Nos casos mais simples, a unidade básica de saúde presta o socorro com a ajuda de um técnico de enfermagem e do condutor, que também é socorrista. Os médicos da Central de Regulação acompanham, via rádio, todo o atendimento.

“A gente recebe toda essa informação. Caso a gente realmente ache que precisa de uma intervenção mais rápida, acesso venoso, hidratação, suporte de oxigênio, a gente já orienta aqui pelo rádio e orienta para que hospital e unidade de atendimento esse paciente deve se direcionar”, afirmou o médico do Samu Danilo Vasconcelos.

Nos casos mais complexos, a unidade de saúde avançada, que é uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel, é destacada para o atendimento. São dois veículos, o de intervenção rápida, que segue com o médico, e a ambulância que vai logo atrás, com o técnico em enfermagem, condutor socorrista e socorrista. Esses são os casos mais graves, como acidentes ou paradas cardíacas e respiratórias.

“A gente atende do simples ao complexo, de forma adequada, o que é mais importante, é vida cuidando de vida. [...] o SUS consegue chegar nos lugares mais difíceis, nos rincões, nas ruelas, nas vielas do Recife, em regiões aonde pessoas não tinham acesso a saúde”, declarou Leonardo Gomes.

O serviço foi criado em 2001, pelo então secretário municipal de Saúde Humberto Costa, atual senador. De acordo com ele, os dados sobre o atendimento pré-hospitalar preocupavam as autoridades na época.

“Nós tínhamos informações que mostravam que muita gente morria ou era mal atendida e ficava com sequelas em muitos eventos que aconteciam fora do hospital. Em casa, no meio da rua, num acidente, então vimos a necessidade de que houvesse um serviço de atendimento de urgência que pudesse ser feito na casa das pessoas ou na rua, nos acidentes”, contou o político.

Segundo ele, o modelo implementado na capital pernambucana seguiu aquele aplicado em cidades francesas.

“Diferentemente de outros modelos, que são o de estabilizar o paciente e levar de imediato ao hospital, o Samu ele tem uma formação dos seus profissionais e equipamentos em cada ambulância que permitem até um atendimento que dure três horas, então isso é muito importante e faz uma diferença muito grande entre a pessoa viver ou morrer e ter uma sequela”, afirmou Costa.

Desafios diários

O serviço dos trabalhadores do Samu é desafiador, especialmente com a pandemia de Covid-19, que fez os números de chamados de pessoas com sintomas respiratórios dispararem (veja vídeo acima).

As unidades móveis que rodavam, em média, 60 quilômetros diariamente passaram a rodar 85. "Era 24 horas lutando, os hospitais cheios, muitas vezes sem oxigênio para sustentar as ocorrências, mas a gente assim lidava 24 horas na emoção", recordou o técnico de enfermagem Fabiano Diniz.

"Tem que ter determinação, ter um alto equilíbrio, pois como vocês tão vendo a situação a gente pega um transito caótico, com uma situação muito de risco e se a gente não tiver cautela no que tá fazendo e controlar nosso emocional, pode ser meio dificultoso", disse o condutor do serviço, José Neto.

No trabalho, cada segundo importa para salvar vidas. "É estar sempre de prontidão. São detalhes da equipe que fazem muita diferença em situações que a gente não pode atrasar nem um segundo. Às vezes, uma intervenção vai definir aquela vítima e vai definir a vida daquele paciente na intercorrência seja ela traumática ou clínica", contou o médico Lídio Carvalho.

Fonte: G1 PE

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