Com a pandemia da Covid-19, o Dia das Crianças deste ano será um pouco diferente. É que a pandemia achatou o orçamento das famílias em todo o País, o que significa menos presentes ou apenas uma lembrancinha para não passar a data “em branco”. No entanto, toda essa época pandêmica pode servir para as crianças aprenderem um pouco mais sobre como lidar com o dinheiro. Afinal, todos os dias, os brasileiros se viram como podem para que não falte alimento e, o mais importante, educação para seus filhos. Mas, diante disto tudo, será que as crianças e o dinheiro combinam? Elas conseguem aprender a lidar com finanças?
Para o educador financeiro Rudá Ramos, que dá aula de educação financeira para crianças com idade entre 9 e 14 anos, os pais e responsáveis têm uma influência muito grande no amadurecimento financeiro das crianças. “Podemos partir do pressuposto de que a liderança é muito mais efetiva a partir das atitudes e não da fala, então os pais e responsáveis precisam ter alguns cuidados e atos de responsabilidade financeira, pois isto vai influenciar diretamente no comportamento financeiro das crianças”, detalha Ramos.
Ainda de acordo com ele, ter um objetivo, uma relação receita-despesa muito bem controlada, só vai ajudar a criançada no hora do exemplo em casa. “Você deve criar planos em família. É muito importante. Chamar os filhos para o planejamento de uma viagem, por exemplo é um dos pontos que devem ser feitos”, acrescenta ainda dizendo que os pais também podem ajudar os filhos com o planejamento para a compra de algo que desejem. Segundo Ramos, a criança tem vários sonhos e normalmente ela ganha o que deseja. No entanto, é preciso ensiná-las a fazer um passo a passo e traçar objetivos em comunidade, pois isto fará com que o amadurecimento financeiro da criança venha mais rápido.
Além disso, Ramos ainda diz que é importante deixar bem claro o que é prioridade naquele momento. “As crianças conseguem absorver muito do que é ensinado”, diz. Ele ainda exemplifica que a abordagem que faz a diferença na hora de ensinar. “Se eu disser: ‘guarda teu dinheiro’, no dia seguinte ele estará na fila do lanche gastando tudo que tem. Mas se digo para guardar dinheiro porque daqui a um determinado tempo ele terá condições de comprar algo que deseja, a concepção da criança muda completamente. É ensinar a projetar e ter condições de executar”, ensina Rudá.
Aluno do curso ministrado por Rudá, Pedro Henrique, de 13 anos, tem aulas de educação financeira para aprimorar seus conhecimentos. Segundo ele, as aulas estão servindo e muito em sua vida. “Com o curso que faço tenho mais educação para fazer bons investimentos, para que no futuro eu saiba administrar bem o meu dinheiro e não gastar com coisas desnecessárias”, diz.
Pedro é exemplo de alguém que sabe bem como organizar suas finanças para alcançar um sonho. Com apenas 11 anos ele conseguiu juntar dinheiro suficiente para comprar o smartphone que tanto queria. Entre mesada e economias que fez, ele conseguiu adquirir o objeto à vista. Isso só aconteceu porque além das aulas que Pedro tem com Rudá, em casa o exemplo serve de trilha. Pai de Pedro, o engenheiro civil Antonio Júnior, diz que sempre trabalha com a realidade com seus filhos. “Se ele quer conquistar algo tem que poupar e adquirir recurso”, afirma. Ainda segundo ele, quando a criança tem poder de compra e se esforça para juntar o dinheiro, ela dá mais valor sentimental ao que comprou. “Antes deste smartphone, Pedro teve outros dois. Um quebrou e o outro perdeu. Agora, com este que ele comprou, com o próprio dinheiro, já tem mais de dois anos”, conta.
Esses ensinamentos são extremamente importantes, afinal as crianças serão o futuro em nosso país. Com a falta de educação financeira e a chegada da pandemia, muitos brasileiros foram pegos desprevenidos por não ter sequer uma reserva para emergência. Portanto, trilhar o caminho com as crianças e mostrar o que é certo é uma forma de lá na frente elas não se tornarem adultos “pirangueiros” ou “descontrolados”, alguém que compra tudo que vê pela frente. Ensinar o que é prioridade é o ponto chave.
Fonte: Folha de Pernambuco
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