Segundo o otorrinolaringologista Alberto Monteiro, do Hospital Jayme da Fonte, há várias patologias que podem apresentar esses sintomas. "Rinites e sinusites, as crônicas e as alérgicas, são as patologias mais comuns que também apresentam a perda temporária desses sentidos. Mas também existem doenças neurológicas que acometem a parte cerebral responsável pelo paladar e pelo olfato. Somente um especialista pode dar o diagnóstico correto", destacou Alberto. No caso da Covid-19, ainda de acordo com o profissional, o vírus é respiratório e acomete as vias aéreas, afetando as vias olfatórias.
Quando se deu conta de que estava sem sentir cheiros nem conseguir diferenciar os sabores, a empresária Lilianne Torres, 51, já estava no sexto dia de doença, mesmo sem saber que estava infectada. "Antes de perder os sentidos, eu estava tossindo de forma persistente, mas, como estávamos fazendo uma obra em casa, achei que fosse alergia por conta da poeira. No sexto dia após o início da tosse, acordei com a sensação estranha no céu da boca e nas narinas, como se eles estivessem dormentes", relatou Lilianne.
Ela contraiu a Covid-19 no final de outubro e, mesmo após um mês, ainda não recuperou totalmente o olfato nem o paladar. Durante esse tempo, Lilianne não sentia cheiro nenhum e só sabia diferenciar doce e salgado. "Não sentia o cheiro do perfume, nem do desodorante. Sabia diferenciar doce de salgado, mas não conseguia identificar os sabores, os ingredientes. Não sentia o ardor da pimenta, nem comidas ácidas e amargas", lembrou a empresária.
De acordo com Alberto Monteiro, não existe um tempo específico para restabelecer esses sintomas. "Tanto na Covid, quanto em outras patologias, até mesmo nas doenças neurológicas, o tempo de duração pode variar. O mais comum é que esse tempo varie de 15 dias a um mês, mas há casos em que o tempo é menor e em outros que o prejuízo acaba sendo definitivo", alerta o profissional do Jayme da Fonte.
Logo que perdeu os sintomas, Lilianne procurou ajuda do convênio médico, foi quando recebeu a instrução de estimular o olfato. "Pelo menos uma vez por dia, eu separava café, desodorante, perfume e gelol, que têm cheiros fortes, e ficava cheirando. Não sentia nada, mas continuei estimulando até o fim do isolamento", disse. Hoje, ela já consegue sentir cheiros leves.
O otorrinolaringologista indica que o atendimento médico deve ser buscado nos primeiros indícios de perda olfativa ou de paladar. "Dado o diagnóstico, é possível reverter esses sintomas com tratamento precoce, que pode incluir o uso de corticoides nasais tópicos, soluções nasais com substâncias que podem restabelecer os sentidos e também através do treinamento olfativo", finalizou Alberto Monteiro.
Fonte: Folha de Pernambuco
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