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sábado, 2 de junho de 2018

Pernambuco depende das rodovias

No estado, segundo o plano logístico, 86,4% das cargas são transportadas por rodovias. Foto: Shilton Araujo/Esp.DP

Apesar da dependência do Brasil do modal rodoviário, as rodovias que cortam o país estão longe de serem adequadas. As falhas na estrutura são conhecidas e há muito tempo deixadas de lado. Ou melhor, parecem não ser prioridade do governo. Para modernizar a infraestrutura do país, é necessário investir 4% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano por 25 anos, o que representa um aumento de 80% em relação à taxa anual média de 2% investida no setor nos últimos anos. Os cálculos constam na série Panorama Brasil, da consultoria Oliver Wyman, que compara o Brasil com seus vizinhos na América Latina e com seus pares emergentes, como Índia e China.

“A precariedade de infraestrutura no país está diretamente ligada ao baixo investimento no setor. O investimento em infraestrutura atingiu o pico nos anos 70 como parte do projeto de modernização do governo com taxas médias anuais atingindo quase 7% do PIB à época. Desde 1980, no entanto, as taxas de investimento diminuíram devido a problemas fiscais e crises econômicas”, enfatiza um trecho do estudo. 

A comprovação desse diagnóstico está também revelada na Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada recentemente pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Pelos dados, dos 105.814 quilômetros de estradas do país, apenas 38,2% são consideradas em boas condições. A situação das rodovias pernambucanas é também preocupante. Por aqui, o percentual de trechos inadequados é de 56,1%. Os trechos considerados ótimos ou bons chegam a 43,9%. 

“Se o Brasil é dependente das rodovias, o Nordeste é muito mais porque não temos rodovias eficientes e nem ferrovias. Portugal, por exemplo, possui uma área territorial equivalente a de Pernambuco, mas tem uma extensão de rodovias pavimentadas duas vezes maior. Para se ter ideia, o estado possui sete mil quilômetros pavimentados, enquanto Portugal possui 17.900 quilômetros pavimentados”, ressalta o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Maurício Pina.

De acordo com o especialista, em Pernambuco, segundo dados que constam no plano logístico estadual, 86,4% das cargas são transportadas por rodovias, 11,5% da navegação por cabotagem ou transporte marítimo e 2,1% por ferrovia. “São dados de 2002 mas não mudou de lá para cá porque não se investiu em ferrovias. São estatísticas que pressionam, por exemplo, o preço do frete e aumentam o valor do seguro dos veículos. A Transnordestina está parada e sem previsão de avanço e, enquanto isso, as rodovias continuam na situação caótica e nós vivemos uma situação de caos. Por outro lado, as indústrias chegaram ao estado, diversificando a matriz econômica, por isso precisa haver o avanço da infraestrutura para ter um eficaz escoamento da produção”, pontua.

Para Pina, a alternativa para melhoria do cenário seria justamente o investimento em ferrovias. “Há alguns anos tínhamos a ferrovia que ligava Recife a Salgueiro. Em alguns trechos, a ferrovia passava lado a lado com a rodovia. O que víamos? Um lado se deteriorando por excesso de uso, que era a BR-232, e o outro por escassez, que era a ferrovia. Foi uma escolha do passado. Mas precisamos voltar a investir nessa diversificação da infraestrutura estadual. A navegação fluvial também é uma alternativa viável e que traria retorno para o estado”, enfatiza.

Fonte: Diário de Pernambuco.

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