Foto: Arthur de Souza / Folha de Pernambuco
A ciência ainda não descobriu o que pode causar o surgimento do mioma no corpo da mulher. Apesar de ser um problema comum para a faixa dos 40 anos, os fibromas ou leiomiomas têm afetado também as mulheres mais jovens, em período fértil, geralmente a partir dos 20 anos de idade. Segundo estimativa da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o número de mulheres em idade fértil acometidas pelo mioma chega a 80%.
Ainda que tenha causas desconhecidas, há fatores predisponentes que podem tornar os miomas mais recorrentes em um determinado grupo de mulheres. "A presença de casos de mioma na família, mais precisamente na mãe e na avó; o índice de massa corpórea acima de 30; mulheres que ainda não tiveram filhos; e há também uma incidência maior em mulheres negras", explica a ginecologista Altina Castelo Branco. A especialista diz ainda que os miomas são tumores benignos, ou seja, que não apresentam características cancerígenas, mas destaca que isso não minimiza o problema, pois ele pode desencadear problemas na saúde reprodutiva.
Aldineide Martins, pedagoga de 49 anos, notou um fluxo mais intenso do que o habitual em sua menstruação, e isso chamou a sua atenção. "Há cerca de dois anos, percebi que a quantidade estava muito maior do que a que eu estava acostumada. Já tinha o hábito de realizar o acompanhamento regular com ginecologista, mas foi só depois disso que fiz os exames que detectaram o mioma", conta.
Além de uma maior quantidade de sangue expelida durante o período menstrual, se esse período for mais longo do que o de costume também é preciso abrir os olhos. "São os primeiros indícios de qualquer anormalidade. Além desses, as mulheres devem estar atentas às cólicas, se estas estão mais intensas também e à sensação de dor ou peso na região pélvica", alerta Altina, que destaca ainda a possibilidade de um quadro de anemia nas mulheres nessas condições, por conta da quantidade de sangue perdida.
No caso de Aldineide, havia mais de um mioma em seu útero. De início, o indicado pelo ginecologista que cuidava do caso era apenas o acompanhamento, descartando uma cirurgia para a remoção do tumor. “Com o tempo, os miomas estavam fazendo o meu útero crescer. Por conta disso, foi realizada a retirada dos miomas e do útero”, diz Aldineide.
A ginecologista Altina esclarece que as cirurgias para a retirada de um mioma só são indicadas quando o tumor está afetando a saúde da mulher. "Não existe tratamento medicamentoso que cure o mioma. A cura só é obtida após a retirada do tumor, mas uma cirurgia só é indicada quando há a necessidade, como em casos de vários tumores ou tumores grandes, que podem comprimir alguns órgãos, causando muitas dores e favorecendo o surgimento de algumas infecções", enfatiza. A retirada de um mioma não impede que outro possa surgir posteriormente, e os tratamentos medicamentosos são utilizados para controle dos tumores ou como preparatórios para a cirurgia.
Aldineide continua com o acompanhamento clínico até os dias de hoje. E quem redobrou os cuidados foi a sua filha, a historiadora Gabryele Martins, de 24 anos. “Quando temos um caso na família, ficamos mais temerosas e mais atentas à saúde. Desde então, estou indo ao médico duas vezes por ano, no mínimo, para fazer bateria de exames. Até agora, nada de anormal, mas considero muito importante fazer a prevenção”, diz Gabryele.
“É fundamental manter o acompanhamento ginecológico em dia”, reforça Altina. Quanto mais cedo o mioma for identificado, menos prejuízos ele pode causar para a saúde. “E é muito importante também que não haja um tratamento por conta própria. Cada tumor vai receber uma medicação ou recomendação a depender da avaliação médica. Os remédios devem ser tomados mediante prescrição, já que os tumores se desenvolvem a partir de hormônios, e a dose hormonal equivocada pode fazer o tumor evoluir ao invés de controlá-lo”, alerta a médica.
Fonte: Folha de Pernambuco
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