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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Representantes de religiões de matrizes africanas fazem caminhada contra a intolerância em Igarassu

Grafiteiros pintaram faixas contra a intolerância religiosa em Igarassu, no Grande Recife — Foto: Meiry Lanunce/TV Globo 

Povos de terreiros de matrizes africanas e indígenas fizeram uma caminhada, nesta sexta-feira (10), em Igarassu, no Grande Recife, contra o racismo religioso. A concentração ocorreu em frente à Igreja de São Sebastião, no Sítio Histórico da cidade, para onde também foram evangélicos, católicos e pessoas de outras religiões para protestar contra a intolerância e falta de respeito (veja vídeo acima).

A caminhada saiu do Sítio Histórico em direção ao Centro da cidade. Nas faixas, as mensagens eram contra a intolerância e pedindo justiça.

Integrantes da Articulação Negra de Pernambuco e que representam o movimento dos grafiteiros levaram uma faixa em branco e pintaram com o sentimento que carregaram no coração.

O ato afroindígena foi organizado pela Articulação de Terreiros de Matrizes Africanas e Indígenas de Igarassu e outros movimentos sociais de Pernambuco.

A vice-presidente da articulação, Raphaella Ribeiro, que é transsexual e Yao de Oxum e caminha para ser sacerdotisa no candomblé, afirmou que quer respeito para todos os que são vítimas de preconceito, discriminação e intolerância. Ela disse, ainda, que os ataques têm sido constantes.

"A população de terreiros de matrizes africanas está se concentrando para esse manifesto e protesto em combate a práticas racistas, discriminatórias e preconceituosas que viemos sofrendo de fevereiro até hoje. É uma forma de cobrar às autoridades competentes um posicionamento, porque a questão não é religiosa, mas racismo, que vem sendo cometido em razão da nossa cor, gênero e, principalmente, das nossas religiões", afirmou.

Pai Cláudio Pinho saiu do Recife com a esposa, a empreendedora Raquel Nascimento, grávida de 7 meses. Ele é Axogum, responsável por ofertar animais nas cerimônias em terreiros de candomblé e um dos coordenadores da rede Associação de Caminhadas de Terreiros de Pernambuco, e disse que o preconceito aparece de formas diferentes no cotidiano.

“Muitas vezes, até no trabalho, chamam a gente de macumbeiro, filhos do capeta, negrinhos da senzala. Tudo na brincadeira, mas isso machuca as pessoas. O que nós pedimos não é que nos tolerem, mas que respeitem todas as religiões, porque Deus é um só. Ele não deixou uma religião no nosso Brasil nem no mundo. Deixou amor, fraternidade, compaixão e, acima de tudo, o respeito ao próximo", declarou.

Raquel Nascimento é Ya e caminha para se tornar sacerdotisa no candomblé. O casal contou que sofre muito preconceito por conta da religião.

"Nos dias de hoje, é tudo tão fácil, temos acesso às redes sociais, à internet. O que a gente não sabe, a gente busca. O que a gente não tem a humildade de perguntar, a gente vai na internet e busca. A religião é tão bonita, o orixá é tão lindo, a energia é tão maravilhosa que, se eles soubessem, jamais nos criticariam", afirmou.

Fonte: G1 PE

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