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segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Bateria feita de cascas de caranguejo é aposta biodegradável

 

                                   Foto: Liangbing Hu/ Divulgação

A crescente demanda por energia renovável e veículos elétricos acarreta em um grande consumo de baterias capazes de armazenar altas potências. Porém, as que comportam essas cargas costumam ser danosas ao meio ambiente. Buscando soluções mais inteligentes, cientistas do Centro de Inovação de Materiais da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, criaram uma bateria de zinco biodegradável oriunda de cascas de caranguejo. Segundo a equipe, ela pode armazenar energia de fontes eólicas e solares em grande escala.


As baterias convencionais usam um eletrólito — partícula que carrega carga elétrica — para transportar íons entre os polos carregados positivamente e negativamente. Muitas baterias químicas com a possibilidade de se materializar em formatos curiosos, como em líquido, pasta ou gel, usam produtos químicos danosos para essa função.


"Por exemplo, separadores de polipropileno e policarbonato, que são amplamente usados em baterias de íons de lítio, levam centenas ou milhares de anos para se degradar e aumentam a carga ambiental", ilustra, em nota, Liangbing Hu, principal autor do estudo e diretor do Centro de Inovação.


Mas o dispositivo criado por Hu e colegas, apresentado recentemente na revista Matter, usa um eletrólito em gel feito de quitosana, material biológico derivado da quitina e facilmente encontrado em exoesqueletos de crustáceos, incluindo caranguejos, camarões e lagostas.


A bateria também tem zinco e não faz parte da sua composição componentes metálicos convencionais, como chumbo e lítio. Dessa forma, ela se decompõe completamente em cinco meses. "O zinco é mais abundante na crosta terrestre do que o lítio. De um modo geral, baterias de zinco bem desenvolvidas são mais baratas e seguras", afirma Hu.


Com uma eficiência energética de 99,7% após 1000 ciclos, a solução é uma opção viável para armazenar energia gerada por fontes eólica e solar e transferir para redes elétricas, apostam os criadores. A equipe planeja continuar trabalhando para tornar a criação ainda mais ecológica.


"No futuro, espero que todos os componentes das baterias sejam biodegradáveis. Não apenas o material em si, mas também o processo de fabricação de biomateriais", planeja o autor do artigo.


Fonte: Diário de Pernambuco

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