Aquele “frio na barriga” que você sentiu em um momento de tensão não foi por acaso. O termo popular tem origem na relação direta do cérebro com o intestino, a partir da presença de substâncias ligadas às emoções. Vai dizer que nunca se perguntou de onde vem a vontade fulminante de comer doce, na hora em que a ansiedade bate? A ausência da fome no quadro clínico de depressão? Ou a total constipação no período de estresse?
A resposta para tudo isso está na origem embriológica do cérebro, que se comunica diretamente com o intestino, através de uma rede com milhões de neurônios. É neste último, onde boa parte do hormônio do bem-estar, a serotonina, é produzida. Também é lá onde existe uma boa fabricação do hormônio do crescimento, além das inúmeras bactérias de defesa do organismo.
Via de mão dupla
Segundo o médico clínico Diego Pascaretta, o intestino produz até cinco vezes mais do que o próprio cérebro algumas dessas substâncias de bem-estar. “Mas nem tudo isso será biodisponível, diferentemente do que é originado no cérebro. Por isso, não podemos considerar que um seja mais importante do que outro”, adianta. Aliás, pouca gente sabe, mas é nesse órgão vinculado ao sistema digestivo onde também é fabricada a melatonina, o famoso hormônio regulador do sono.
Flora intestinal
“As bactérias da nossa flora intestinal vivem junto com a gente. Algumas fazem bem. Outras, quando não nos alimentamos corretamente, fazem mal à saúde”, resume Pascaretta. Ainda de acordo com o especialista, o equilíbrio só acontece com atenção redobrada para o que se põe no prato.
“Temos 100 trilhões de bactérias no intestino, sendo duas mil espécies. Se me alimento mal, terei mais bactérias ruins, que produzirão substâncias inflamatórias no organismo. Se me alimento bem, terei produções melhores, ajudando o corpo no emagrecimento, no combate à infecção sistêmica, entre outras questões”, defende o médico, lembrando ainda que tamanha importância pode ser medida no estudo mundial sobre transplante de flora intestinal, com a análise das bactérias presentes nas fezes. Essa ação pode vir a ajudar, por exemplo, um paciente com problema de obesidade.
A força da alimentação
Segundo a médica homeopata Diana Campos, especialista em medicina integrativa, o controle da flora intestinal se dá pelo consumo de produtos naturais, preferencialmente orgânicos. Leia-se brócolis, couve-flor, repolho e abóbora, por exemplo. Isso, para compor um prato colorido e com mix variado de nutrientes.
“Outra coisa que muita gente não percebe é que tudo começa na mastigação, devendo se preocupar se há, por exemplo, algum dente faltando. Também não exagerar na quantidade de líquido durante as refeições e inserir uma classe importante nessa dieta: a proteína, priorizando peixes e leguminosas”, explica. Além do processo de fortalecimento, uma boa alimentação pode evitar o aparecimento de doenças que exijam tratamentos com antibiótico - é que muitos remédios matam não só bactérias patogênicas, mas também as probióticas, provocando um desequilíbrio na microbiota intestinal.
Alguns produtos podem auxiliar nessa produção do bem, a exemplo de bebidas fermentadas, como o iogurte e o queridinho do momento: kefir. “Ele se alimenta de açúcar, que logo se transforma em gás. Por isso, o kefir é uma bebida tão refrescante, capaz de substituir um refrigerante”, defende a barista Renata Helena Luz, idealizadora da marca pernambucana Alive, cuja produção começou há quatro anos. As garrafinhas ainda são compostas por uma solução fermentada com bactérias do bem e um sabor fresco de fruta, como a acerola. “A depender do consumo, é possível melhorar o trânsito intestinal, fortalecer a imunidade e até ajudar no emagrecimento”, completa Renata.
Fonte: Folha de Pernambuco
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