A produção de milho em Pernambuco para 2020 será a maior dos últimos três anos, mas a expectativa de queda drástica no consumo devido a crise do coronavírus e ao cancelamento das festas juninas tradicionais, preocupa os produtores. De acordo com o IBGE, ao fim da safra de 2020 é esperada uma produção de 97.317 toneladas de milho, um aumento de 13,5% em comparação ao ano passado.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco, Dilson Peixoto, devido ao cancelamento das festas de São João e ao aumento da oferta de milho neste ano, a situação é desafiadora. “Estamos discutindo com os agricultores como incentivar o consumo do milho dentro das casas, com as famílias que estão em isolamento. Isso será feito através de campanhas com o Governo do Estado e com supermercados”, pontua.
Diversas ações de suporte aos agricultores estão sendo realizadas. O Programa Compra Local, coordenado pela AD Diper (Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco), está destinando recursos para a aquisição de produtos da agricultura familiar para doação à população mais vulnerável. Da mesma forma, o Programa Estadual de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PEAAF) assegura que pelo menos 30% das compras governamentais de alimentos tenham como origem a produção da agricultura familiar.
O diretor de expansão rural do IAP (Instituto Agronômico de Pernambuco), Reginaldo Alves, avalia que é necessário incentivar novas formas de escoamento neste momento. “Estimular o consumo local, através de feiras locais, comércio nas comunidades, entrega em domicílio, venda online e redes sociais. Essa relação mais direta com o consumidor, principalmente em cidades maiores, é importante”, afirma. Para o consumidor, Reginaldo diz que é necessário valorizar a economia local. “Se voltarmos a consumir o que está perto da gente, vamos nos ajustar.”
Maria Bethânia é agricultora no município de Afogados da Ingazeira, Sertão de Pernambuco. Ela diz que os impactos do coronavírus na renda familiar já estão sendo grandes. “Normalmente vendemos o milho para produtores de pamonha, mas eles já cancelaram a compra neste ano. Temos esperança que vamos vender na feira de Afogados durante o São João, não podemos perder a produção e ficar sem dinheiro”.
No assentamento Várzea do Exú, localizado no município de Floresta, no Sertão, José Kleber cultiva milho e também aponta para um queda nas vendas. “Estou vendendo muito mais barato na feira local para escoar a produção. Havia plantado milho para o São João, mas diante desta situação estou deixando secar uma parte para dar de ração aos animais”, comenta.
Ceasa
Apesar da expectativa de uma grande produção,Na Ceasa, o valor médio de uma mão de milho, contendo aproximadamente 50 espigas, sofreu um aumento de 22,73% em comparação a 2019 no período de 01 à 16 de junho. O valor médio passou de R$22 para R$27 reais. A quantidade ofertada de espigas no período de janeiro à 15 de junho de 2020 foi de 10.442 milhões. Uma diminuição de 17,68% em comparação ao ano passado, quando registrou 12.685 milhões de espigas ofertadas. Devido a pandemia, a Ceasa informou que a expectativa de vendas para o período não pôde ser estimada.
O Programa Campo Novo de distribuição de sementes iniciou no dia 20 de maio a segunda etapa de distribuição. Somada a primeira, realizada em janeiro, totaliza uma entrega de 715 toneladas de sementes de milho para agricultores do sertão, agreste e zona da mata. Ao todo, as sementes distribuídas têm um pontencial de produção de 59 mil toneladas de grãos de milho, que corresponde a 57,5% da estimativa de produção do grão este ano em Pernambuco.
Confira a procedência do milho vendido na Ceasa e o percentual de cada localidade
PERNAMBUCO
Chã Grande: 22,92%
Passira: 17,35%
Gravatá: 17,27%
Barra de Guabiraba: 15,61%
Vitória de Santo Antão: 5,41%
Ibimirim: 5,02%
Amarají: 4,07%
Camocim de São Felix: 4,05%
Inajá: 2,24%
Lagoa de Itaenga: 1,19%
Pombos: 0,86%
Itambé: 0,72%
Outros: 3,28%
Fonte: Folha de Pernambuco.
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