O Butantan convoca adolescentes de 12 a menores de 18 anos para participarem de testes da vacina contra a chikungunya no Recife. O imunizante é desenvolvido pelo instituto brasileiro em parceria com a empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva.
Para participar dos testes, os interessados devem preencher um formulário com informações como nome completo, telefones e questões ligadas à saúde - o cadastro pode ser feito neste link.
Não podem participar dos testes adolescentes gestantes, quem esteja tentando engravidar ou amamentando, além de pessoas com condições clínicas não controladas, instáveis ou com histórico de artrite e artralgia. Pessoas em terapia de imunossupressão, como corticoides, ou tratamento por radioterapia também não podem ser voluntários.
Em Pernambuco, a convocação espera alcançar cerca de 280 voluntários para a participação nos testes, de acordo com a coordenadora do projeto, Irassandra Aquino. Em todo o Brasil, a etapa deve chamar 750 adolescentes em cinco a 10 centros de pesquisa.
No Brasil, os testes clínicos são feitos em adolescentes porque essa é uma faixa etária ainda não alcançada - nos Estados Unidos, a fase 3 foi feita com adultos. "Lá [nos Estados Unidos] não tem casos de chikungunya. Foi justamente quando os órgãos competentes para análise de vacina disseram que é preciso fazer o estudo em lugar que tenha surtos ", detalhou Irassandra.
Dessa forma, foi escolhido o Brasil, país que registra surtos da doença. Em Pernambuco, por exemplo, segundo os dados mais recentes da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), já foram notificados 27.139 casos prováveis da doença, sendo 6.067 confirmados e 7.590 já descartados. O balanço também indica três mortes pela doença.
"Se conseguirmos captar o total de adolescentes, o estudo vai durar um ano e meio, dois anos, no máximo", disse Irassandra Aquino. Finalizados os testes e com todas etapas encerradas, o imunizante poderá ser disponibilizado em campanha nacional em cerca de dois anos.
Os testes da vacina contra a chikungunya em Pernambuco são apoiados pelo Real Hospital Português, pelo Instituto Autoimune e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Também lideram o projeto no Estado o biólogo e virologista Rafael Dhalia e o médico Carlos Britto.
Os pesquisadores do Butantan esperam que os dados dos testes da vacina sejam submetidos à análise da Anvisa até o final do ano que vem.
Resultados
Em março, o Instituto Butantan divulgou os resultados dos testes da fase 3 da vacina contra a chikungunya. Esses testes mostraram que a vacina gerou resposta imune em 96,3% dos participantes, além de indicarem que o imunizante é seguro e causa reações adversas mínimas, como dor de cabeça, fadiga e dor no local da injeção.
Os testes foram feitos nos Estados Unidos com 4.115 pessoas acima de 18 anos. A duração da imunidade será monitorada, de forma contínua, durante pelo menos cinco anos.
Mais informações e inscrições
O Instituto Autoimune divulgou os seguintes contatos para dúvidas e mais informações: (81) 3416-7697; (81) 9.9389-3026; (81) 9.9317-3027; e (81) 9.8951-7781. Os três últimos números também são contatos de WhatsApp.
O e-mail à disposição dos interessados é o vacina.chikungunya@gmail.com.
Sobre a chikungunya
A chikungunya é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue e da zika. A circulação do vírus foi identificada no Brasil pela primeira vez em 2014, e ele já se espalhou por mais de 100 países.
Os principais sintomas da doença são febre alta, dores intensas nas articulações dos pés, mãos, dedos, tornozelos e pulsos, além de dor de cabeça, nos músculos e manchas avermelhadas na pele.
Os sintomas começam de dois a 12 dias após a picada do mosquito, sendo que cerca de 30% das pessoas não apresentam sintomas. A doença pode ser mortal, especialmente quando o paciente já apresenta outras comorbidades.
Chikungunya significa "aqueles que se dobram" em suaíli. A doença tem esse nome devido à aparência curvada dos pacientes da primeira epidemia documentada na Tanzânia, entre 1952 e 1953.
Fonte: Folha de Pernambuco
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